domingo, 23 de dezembro de 2012

Desejos Fogem das Mãos



a mão percorria solta
no campo de lírios do corpo
coroada deusa
no panteão obsceno.

entre suspiro,
alumbramento,
desvendava os mistérios do sexo
no toque-gozo.

os dedos escreviam
desejos,
arrepios,
gemidos,
calafrios.

poetou-se em
versos,
estrofes,
sonetos.

excitou-se
recitou-se

r-e(x)citou-se.



Alan Felix

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Drive



Na contramão
o choque
o acidente
de nossas línguas:
beijo.




Alan Felix.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Sobre a quarta em Água Preta



E a lua cheia clareando a noite. A brisa desconhecida soprando levemente às folhas seca no chão do quintal. Meu coração estava inquieto pela saudade. Mesmo o esforço vão de centrar os pensamentos na televisão sintonizada no jogo de futebol. Distraído pensei nela. Angustiado com essas sensações emanadas do meu coração, busquei no livro, na praça, no boteco, algum sinal de esquecimento ou paz passageira. Apesar dos esforços, o que acalentou foi sentar no quintal, acender um cigarro e apreciar a lua na quarta-feira uruçuquense.

Alan Felix.

domingo, 28 de outubro de 2012

Carta Sem Destino...

Querida Elnora,


Que não seja dor!  EU TE AMO e isso basta, o que sinto exala o mais exitante perfume, Para com isso! Você não me perdeu, apenas desistiu de nós... você ainda me tem e me terás enquanto em mim houver essa coisa gostosa que me faz musicar a vida, escrever versos loucos... que me motiva, e nunca me deprime, nem me desespera. Mais uma vez você não me perdeu, você apenas fez a escolha que te foi conferida a ser a mais coesa com teu momento de vida! Você me tem e me terás sempre... sou seu homem, entenda isso! E relaxe, relaxe, porque o que é nosso, Tempo cuidará de nos dar, seja juntos ou separados. Sei que deves imaginar as possibilidade de que possa ser feliz com outra mulher... talvez teu desejo mais indesejado seja esse, de que eu siga em frente e vá viver outros prazeres, mas no coração a gente não manda! Então quero te de dizer que tenho que te compreender que essa foi sua escolha... mas, não a escolha da vida. Farei por você tudo que eu puder, para que tenhas uma carreira ainda mais brilhante, é meu dever, minha responsabilidade, cuidar da minha mulher, da mulher que eu amo, respeito e admiro muito!!! Do amor que com certeza virará um bela história para contar aos meus cativos; esse foi o ponto dado por você... não sei se parágrafo, seguimento ou final; não me interessa. Continuarei por aqui, respeitando suas decisões.

Ass.: Noah.
Alan Felix.

sábado, 6 de outubro de 2012

Sem Alvo


Quando rompo
a sutil pele
do corpo,
é porque alço voo
no acalanto,
no tecido alto
do sonho,
desponto calmo
o canto.
Aceno forte
a saudade,
e sereno
ensino arte
a madrugada,
sussurro segredo
ao muro.


Alan Felix.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Navegar


O meu corpo, o barco,
a deriva no teu mar.
Quero ser marinheiro
navegar nos mares,
nas curvas, no seu corpo.

De longe no horizonte
dos teus seios
a madrugada perdida
segue trilhando o vento.

Observo o sol
sangrando no mar
adormecendo
na contenda do anoitecer.

Navego no mar do teu corpo,
na precisão de viver
no silêncio das águas,
no naufrágio da tormenta
nos seus lábios.

Tanto porto – para partida,
Tanto marco – para descaso,
Tanto coração – sepultado.


Alan Felix. 

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Sonata


Eu escavo o silêncio
no seu corpo,
e penetro os sons
que equalizam
no seu corpo
em forma incestuosa. 

Eram frequências
os ritmos
de nossos corpos,
ondulações delirantes
de você sobre mim,
e de mim sobre essa música.

Ah! Amor,
que melodia é dia
em você.
Qual sonata soa em nós?
Em qual cravo do seu corpo
teclo prazer?

Meu amor,
nas tonalidades distintas
do seu sexo,
adormece os tons
de ópera do seu gozo.

Alan Felix. 

sábado, 15 de setembro de 2012

Borboletas no Estômago

Se borboletas voam no meu estômago.
É porque carrego um jardim.


Alan Felix. 

sábado, 8 de setembro de 2012

Sobre o sábado em Água Preta


E a chuva desabrocha do céu lavando nossos sapatos. Apesar do vento gélido que corta as folhas na copa da árvore no inverno. Nós estamos prontos para o dia nublado que se abateu no sábado uruçuquense. O guarda-chuva apesar de pequeno nos protegia. Mas para caber naquele abrigo era preciso estar abraçado, e nós abraçamos, como o sol quente que rompe a cortina densa das nuvens.

Alan Felix.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Não quero mais ser só


O prato predileto sobre a mesa e ninguém para dividir o sabor, o aroma, a conversa. Todos os dias são monólogos monótomos com a solidão. Acendo o cigarro cortinando com fumaça a companhia de ser só. A mesa de jantar com lugar para quatro pessoas: uma ocupada por mim, outra serve de cabide para toalha molhada, a segunda serve de descanso para os pés, e a última coloco o liquidificador. A televisão ligada, sintonizando algum canal para artifício do preenchimento do silêncio. O tédio de viver sozinho é ter que conviver com um silêncio horizontal que corta o basculante. Em transe vasculho as espirais da casa, deparo com janelas e escapatórias para outra vida. Debruço sobre a varanda espaireço na rotina do ar. Absorvo-me em ilusões, enceno diálogos, teatro sorrisos de paraíso, me colho nos sonhos de seus braços.

Alan Felix.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Quirimurê*



Por entre minha carne
afunda um desejo febril
de querê-lo  ancorado
nas enseadas do meu corpo.

Em fogo carnívoro
lhe espero nos meus portos
com suas naus ardente
dissipada em sopro de beijo.

Atraca na alameda
subterrânea do prazer,
desbrava furtivamente os ecos
na caverna do meu sexo.

Empilha os sussurros
de encanto e acastela-se
nas fortificações da minha alma.

Espuma na baia dos meus lábios,
e desfalece nos arrecifes
do meu corpo marujo.


*Grande mar interior, em tupinambá.

Alan Felix.




quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A Ladeira


Delirante viajava pela ladeira sonâmbula, de repente nossos olhares se embaralharam. As retinas dos olhos trincaram em você. Cega, tateei desesperadamente o ombro do vento para guiar-me até você, mesmo quando você rodopiava num furação de carrossel. Perdida, meus olhos liam seus sinais, suas trilhas, seus labirintos de sossego. Com os pés decalquei seus passos, com as mãos colorir seus gestos, e com o desejo aprisionei você na jaula do olhar, e refém lhe resgate de mim.


Alan Felix.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Insurreição

Adams Carvalho

p/ Mayra Honorato


Insurge nas esquinas 

do teu corpo 
uma revolução de mim.
Percorro a língua 
nas tuas ruas. 
Perco-me na avenida 
das tuas costas.
Enveredo nas vielas, 
becos e guetos das tuas pernas.
Devaneio o urbanismo 
do teu corpo.
Deslizo sobre o arranha-céu 
dos teus seios, 
esqueço-me nas estrelas 
em céus de boca.
Nu edifico-me 
coberto em véu abrasado, 
tuas praças adornam 
os subúrbios dos meus olhos.


Alan Felix.

domingo, 12 de agosto de 2012

Redondilha

“A mulher e o ventre que fecundas.”
(Cora Coralina)




I


Entre folhas orvalhadas da vagina, 
caminho vagarosamente 
arrastando a noite para seu útero. 

Encho com a aurora 
a cavidade do seu corpo, 
lacerando com amanhecer o vinho gozo. 

Com passos de pedra adentro com a flor 
o jardim da vulva, 
floresço girassóis, sóis e mundos.

Listro de mar e cólera as raízes da buceta,
finco solene a manhã,
canto folhas de vento-fogo no sopro do gozo.

II

Corre-me 
o vento atado da língua 
na espuma estrelada da vagina.

Ecoa vozes de pássaros 
que povoa nostalgicamente 
os pinheiros dos óvulos.

Percorro em sombras e raios 
as margens entreaberta da perna
e precipito tempestades infinitas.

Corto a névoa incitante 
que crescia no meio dia da mão,
abarco cachoeiras 
e mares que voam do orgasmo. 



Alan Felix

sábado, 4 de agosto de 2012

Ovulação




Sangro, ovulando pensamentos 

no útero.

Nas fecundações das palavras 
inicia a gestação do verbo - da poesia.

Às vezes menstruo 
perdendo a inspiração, 
a letra, 
a poesia.

Assim, através da vagina 
esvai meus pensamentos,
palavras, 
poesias,
vida. 

Alan Felix

domingo, 29 de julho de 2012

Feitiço


Tal como uma bruxa, ela me lançou um feitiço com um olhar, num momento pensei que fosse uma gueixa, em outro pensei - realmente é uma bruxa. Apenas uma bruxa enfeitiçaria com uma paixão diluviana ao olhar nos olhos e furtaria os desejos da alma.

Alan Félix

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Nix



Meia noite,
meu corpo talha a noite 
nua no céu de Nix.

As trevas abismais dos homens 
adentram o meu tártaro-útero.

No melancólico ventre da noite 
nuvens envolvem 
a escuridão da vagina.

Atlas, ereto, com seus ombros incansáveis 
sustentam firmemente meu céu.

O dia e a noite se cruzam 
numa penetração de bronze.


Alan Félix

segunda-feira, 16 de julho de 2012



O nó que nos prende Maria, é o mesmo que nos enforca.
A vida é o embaraço de cordas: cordas que pulamos, cordas que nos enrolados, cordas que amarramos, cordas que fazemos varal e estendemos coisas molhadas para secar.
Você seca seus olhos no varal, Maria?
Não? Deveria. O sol seca tudo, torra tudo, queima tudo.


Alan Félix

sábado, 7 de julho de 2012

AcriDoce




Ela me absorve a cada dia, eu me diluo dentro dela. Lá permaneço, ocupo e milito todos os dias por um pedaço de terra no seu coração. Não que ela seja uma latifundiária, e queria os hectares de terra improdutivos, na verdade ela deseja que seja plantado algo acridoce e que floresça maravilhas santas nessas terras tão férteis.

Alan Félix

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Longe




ecoa o teu beijo na boca,
os teus braços envolvem
e amedronta o frio de junho.

louco, percorro o teu corpo
e perdido nos lençóis, esqueço
a noite que acosta o dia.

comunicável nossos corpos
precipita outro dia, e inicia
uma nova manhã que tarda.

tímido, devoro os girassóis 

que adorna os teus lábios, é
amarelo a cor do beijo que roubo.

Alan Félix

domingo, 3 de junho de 2012

Papoula

quantas 
babilônias silenciosas 
embriagam seu corpo. 


eu já andei 
indiferente com o Diabo, 
e bebi suas promessas 
nas copas entre suas pernas. 


com vinho queimei 
os lábios vermelhos 
da sua boca, e brindei
os demônios invisíveis.


no sacrilégio do seu olhar
asas negras incestuosas
benze a loucura do nosso sexo.




mesmo em silencio inquietante, Deus, 
sorri sadicamente do nosso amor.








Alan Felix

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Desvendar


Não queiras desvendar Clarice. Porque tentar entender Clarice é descobrir os mistérios que circula as mulheres. Ainda mais que Clarice é duplamente complexa, pois é poeta e mulher. Anseio pela sutileza e brandura das palavras. Não venham com essas mulheres: Adélia, Cora, Cecília e Hilda. Repudio o fascínio do baú espantoso das palavras. Traga-me a normalidade da poesia. Cobiço a rudez dos repentistas trajados de seus cordéis fabulosos narrando épicos mitos folclóricos encantados. A insensatez dos boêmios com suas trovas sócio-romântico-realista-fatalista. Miro os berros alucinados dos loucos, e suas transparentes verdades escarradas ao mundo na esquizofrenia do verbo. Quanta labirintite causa a palavra de Drummond, Moraes, Pessoas e Leminsk.

Alan Félix

domingo, 27 de maio de 2012

Canção


“Os poemas respiram nas prisões”
(Pedro Luis e a Parede – Máquina de Escrever)

Marcelo Jeneci e Laura Lavieri


A canção ecoada da rádio, e a lembrança da paixão.
É difícil ouvir, escutar... É, escutar o coração falar de amor, de amores perdidos, passados e esquecidos.
O silêncio emanado da pulsação faz calar a solidão.
O silêncio!
Os batimentos das teclas escrevendo a palavra coração, e o coração a bater nos poemas e canções que imprimo no papel machê da solidão.
De tal modo, escrevo na máquina de escrever o meu coração, a palavra emoção – algumas letras e sons das pulsações do [meu] coração.
É difícil ler um verso no olhar, ouvir seu coração falar dos poemas que respiram nas prisões das ilusões da nossa história.

Alan Felix

sábado, 26 de maio de 2012

Um Amor pra Recordar



Tirou-me o suspiro feito anjo
beijando minha alma.

Teve fé no meu acalanto
depois partiu como sonho

A única lembrança
que me deixara
foi uma pena azulada.

Na qual escrevo
nosso amor
minha bem amada.

Alan Félix

A Quinta Rosa do Vento

Navego no rio de ódio
Afundo no lago profundo da solidão
Fico a deriva nas minhas emoções

Já atravessei o deserto da vida
Abandonado entre montanhas sombrias
Caminharei no bosque da vida
Em busca de uma saída

Sou o único perdido da trilha
A estrada não me guia

A escuridão se intensifica
Cobrindo minha vista
Impossibilitando de ver
A luz que me salvaria

Alan Félix

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Das Águas




I


no breu,
teu corpo
um poço,
um penhasco
que salto
e fundo
mar frio.

II

apreendo
suas águas
no meu corpo,
faço-me
maré.

III

diluído
despenco
dos olhos.
lavo-te
o corpo,
perco-me
na lágrima.

Alan Félix

domingo, 20 de maio de 2012

AGUÇO


Lembro-me quando a noite pairava num véu sobre o teto da casa. A solidão vagava nos ruídos noturnos, e a sala com a televisão sintonizada em algum canal de silêncio angustiante. O medo era roído nas pontas dos dedos. Você chegou calada, quase translúcida, mas voraz e tenaz com suas passadas. 
Despojou sobre o meu colo, rasgando o suspiro com o gume do dedo que se arrastou sobre meu peito. O coração percutia melodias minimalistas; o arrepio se erguia nas vértebras aos cheiros lentos na encosta do pescoço. Hipnotizado, respirava seu corpo, suas vestimentas fluidas que escondiam a nudez do corpo. As minhas mãos tateavam, lia os sonetos cunhados nas planícies da tua pele negra. 
Desfalecido, como deus caído, sustento o seu mundo nos meus braços, ergo a noite no firmamento e aguento as punições titânicas do seu corpo, que navega no cálice das minhas mãos. Assim, enveredo nas cordilheiras dos seus beijos, trilhando nos labirintos dos seios e perco-me num devaneio. 

Alan Felix

terça-feira, 15 de maio de 2012

Manuel

“Pois eu, eu só penso em você [...] Em ti eu consigo encontrar / Um caminho, um motivo, um lugar / Pra eu poder repousar meu amor”.
 (Los Hermanos - Fingi na Hora Rir)

(Luyse Costa)

Manuel quando se distraía com rompantes de ciúme, logo pensava na amada, nas frequências desbotada de dois corações em que repousaram o amor. O lar tornava-se construção floral de meu bem-querer, um lugar, um caminho para ambos confortarem seu amor. [...]

Alan Felix

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Maria Fernanda

“Eu que nunca amei a ninguém / Pude, então, enfim, amar..."
(Los Hermanos - A Flor)

 (Luyse Costa) 

Em toda a manhã que acorda com o silêncio fantasmagórico, Maria Fernanda, pensa – eu nunca amei a ninguém – convicta que a solidão é um mar na qual vive incessantemente a deriva. [...]

Alan Felix

terça-feira, 1 de maio de 2012

Brisa




Eu leio no balançar dos seus cabelos as canções impressas do vento.

Alan Félix

quinta-feira, 26 de abril de 2012

A Casa

Janelas entreabertas
o deserto visto de fora
as paredes verde desbotada
impressa de rouquidão silenciosa.


Nos papéis de parede
amores,
poemas
e cores...

fotografias retratada da memória
mosaica o chão talhado de sepulcro
e grades no olhar do homem moribundo.

Alan Félix