“A mulher e o ventre que fecundas.”
(Cora Coralina)
I
caminho vagarosamente
arrastando a noite para seu útero.
Encho com a aurora
a cavidade do seu corpo,
lacerando com amanhecer o vinho gozo.
Com passos de pedra adentro com a flor
o jardim da vulva,
floresço girassóis, sóis e mundos.
Listro de mar e cólera as raízes da buceta,
finco solene a manhã,
canto folhas de vento-fogo no sopro do gozo.
II
Corre-me
o vento atado da língua
Ecoa vozes de pássaros
que povoa nostalgicamente
os pinheiros dos óvulos.
Percorro em sombras e raios
as margens entreaberta da perna
e precipito tempestades infinitas.
Corto a névoa incitante
que crescia no meio dia da mão,
abarco cachoeiras
e mares que voam do orgasmo.
Alan Felix
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