quinta-feira, 31 de maio de 2012

Desvendar


Não queiras desvendar Clarice. Porque tentar entender Clarice é descobrir os mistérios que circula as mulheres. Ainda mais que Clarice é duplamente complexa, pois é poeta e mulher. Anseio pela sutileza e brandura das palavras. Não venham com essas mulheres: Adélia, Cora, Cecília e Hilda. Repudio o fascínio do baú espantoso das palavras. Traga-me a normalidade da poesia. Cobiço a rudez dos repentistas trajados de seus cordéis fabulosos narrando épicos mitos folclóricos encantados. A insensatez dos boêmios com suas trovas sócio-romântico-realista-fatalista. Miro os berros alucinados dos loucos, e suas transparentes verdades escarradas ao mundo na esquizofrenia do verbo. Quanta labirintite causa a palavra de Drummond, Moraes, Pessoas e Leminsk.

Alan Félix

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