sexta-feira, 31 de julho de 2009

Primeira nota para pequeno conto




Mergulhei para dentro de mim, submergi tanto que encontrei o abismo que expandia de aflição, logo encontrei uma porta branca no meio daquela escuridão. Abrindo a porta cai num quarto com fragmentos de minha memória, eram quase pequenos retratos sépia que montava um quebra-cabeça. Fiquei intrigado com esse mundo que existia em mim. Ao juntar os pequenos fragmentos algumas imagens do meu terceiro ano emergiam na minha cabeça.
Recordo-me que vivia mais tempo no nevoeiro escolar, do que no deserto da minha casa. Ao dissipar o nevoeiro escolar uma paisagem pitoresca do colégio nascia turva, entre as flechas de luz que ultrapassava o nevoeiro havia um mundo que nos contemplava com a Feira do São Joaquim e da Baía de Todos os Santos.
Num cenário desenhado a giz exercia atividades de teatro, musicoterapia, espanhol e dança. Nessa pequena encenação do meu cotidiano, apresentei o papel de tesoureiro do grêmio estudantil. Um ano de múltiplas atividades nesse nevoeiro escolar. Assim, o relógio, consumiu devagar as horas, os dias, os meses e fechou o ano escolar. Nesse período havia conseguido a isenção do vestibular da UFBA. E várias interrogações mancharam meu corpo, pois a dúvida de Hamlet, “ser ou não ser”, no meu caso “cursar ou não cursar”, consumiu minha vida. Então, num lapso repentino optei por cursar uma faculdade pública.
Apaguei o futuro que pichei na parede do meu ideal. Escavei tudo que desejava ser de verdade, e enterrei como cachorro, todos meus sonhos. Segui o plano que a ampulheta do destino decidiu escoar para mim. Escoando, cursei geofísica na UFBA, isso porque amava geografia e queria estudar vulcão. Por que eu queria estudar vulcão? É uma resposta que remete a interrogação do ovo e da galinha.
Então, acabei não sendo selecionado para segunda fase do vestibular. Queria atirar-me no mar, contudo, como sou sonhador continuei a sonhar.

Alan Félix

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Vôo das Fadas

No vôo alado,
as fadas saltam das correntes
de ar boreal.

O primeiro gesto de liberdade,
de voar entre as linhas tortas
do vento taciturno.

Perdem-se entre as ventanias,
libertas do bocejos dos deuses
nos seus castelo aéreo.

Dormem na brisa noturna
descansando na poeira estrelar
das imaginações etéreas.
(Alan Félix)

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Me Quieras


Queira-me por uma noite:

mesmo que nessa noite
não faça luar.

mesmo que a sua cama
não caiba dois corpos.

mesmo que meus beijos
não sejam o que deseja.

mesmo que o abraço
não te conforte.

Queira-me por uma tarde:

mesmo entre as nuvens laranjada
não tenha pôr-do-sol.

mesmo que no cinema
não aja pipoca e romance.

mesmo que na praia
não saia o sol.

mesmo que na varanda
não possua rede para deitamos.

Queira-me por uma manhã.

mesmo que ao acordar
não sinta o cheiro de café da cama.

mesmo que o jornal
não traga noticias sobre o seu time.

mesmo que a voz de quem dar bom dia
não seja a que você quer ouvir.

mesmo que não sinta saudade
da mulher que amou, mais me queira.



(Alan Félix)

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Mar & Ira

O teu mar avançou
sobre nossa cama.

Afogou meu corpo
na vereda do seu ardor.

Cobriu-me com espuma
nascida do seu lábio.

Adornou meus cabelos
com conchas e corais.

Embelezou-me com plâncton,
para brilhar como estrelas do mar.

Tragou-me como mistério
do mar indecifrável.

Flutuou na nau
de suas ondas etéreas

Afundou-me como quem beija
os recifes de seus lábios.

(Alan Félix)

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Anjo & Demonio

Tenho asas de anjo,
e garras de demonio.

O espectro indeciso
entre o bem e o mal.

Aparição desastrosa
do amor e ódio.

O terço de salvação,
o pentagrama da destruição.

A dualidade de deuses pagão,
e apago na indecisão.


(Alan Félix)