segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Excesso


O televisor mostrava o canal 68 azulado, o micro system tocava “master of puppets” do Metallica no volume máximo, a cerveja gelada marcava a mesa de centro nova e uma fileira de cocaína se aprontava para ser absorvida por meu nariz ávido.
A frente desse cenário, eu, um homem solitário no apartamento do sétimo andar, no deserto pessoal que denominava de lar, seria melhor espaço desprovido de excesso, já que o excesso caracterizava com maior riqueza a evasiva dos ecos emitido das paredes silenciosas da casa, da minha casa, desta casa onde sobrevivo.
Procurei nos jornais a maneira de prover a falta de excesso tão habitual em mim e aqui.
Nos anúncios de classificados encontrei uma mulher, uma transa.
Enquanto cheirava cocaína e tomava a cerveja gelada, farejava como cachorro no cio as propagandas na ânsia de encontrar diversão gostosa e acessível.
Encontrei o seguinte:

Morena, 1.88m, cabelo cacheado,
corpo escultural, profissional sigilosa.
Telefone de contato: (71) 8318.3352
Instigado pela alma do negócio estiquei meu corpo pesado até alcançar o aparelho e telefonei.

Depois de um breve acordo com a prostituta fechei o programa por cem reais.

Em quarenta minutos a campainha tocou e me arrastei entre os escombros da minha ruína domiciliar. Eu a recebi e apontei para que se sentasse no sofá.

Durante o estranhamento dos primeiros olhares trocados “one” de Metallica tocava, era como uma serenata perturbadora em minha alma.

A prostituta com olhos de harpia analisou todo o espaço, notou a imensidão desértica com aves carniceiras em todos os cantos. Aproveitou o momento em que eu trancava a porta e cheirou o pó branco que repousava sobre a mesinha de centro.

Dirigi-me até o frigobar, peguei uma cerveja e ofereci a madame que estava em meu sagrado sofá. Recusou-se exigindo uma bebida quente para animar, uma Martine, conhaque ou vodca. Aquele olhar de desdém libertou-se das minhas pupilas dilatadas.

Providenciei uma dose de vodca vagabunda, servi.

Entreguei a bebida a prostituta, sendo logo direto no meu monologo:

– Quero serviço completo!


A mulher me olhou e pediu para trocar a música, conversar um pouco, beber juntos.

A murdez do silêncio infestou a sala, a mudez se apresentou como a melhor resposta para aquelas exigências da mulher, ou melhor, da prostituta.

Meu pênis foi posto ereto para fora já incontrolável e de maneira bruta, como a situação exigia que eu fosse, segurei o cabelo daquela mulher e fui direcionando-a ao encontro de meu membro pujante. Com a boca escancarada mergulhou meu pênis o mais profundo que pode em sua garganta, ate que a ânsia de vomito viesse se apresentar.

Ajoelhou-se e manteve o ritmo ditado por mim, e eu a segurava tão forte que na pele dela tinha marcas dos meus dedos.

Chupou-me dedicadamente, várias vezes, e cada vez a intensidade aumentava.

Se tivessem oportunidade os gemidos seriam ouvidos ate dentro de outros apartamentos.

Eufórica, começou a tirar a roupa, eu ergui sua cabeça e a marquei com um tapa deixando sua face avermelhada. Ela revidou com a mesma intensidade. Tiramos a roupa.

Carreguei-a e lancei-a sobre a mesa de jantar que ficava na sala, meu pênis faminto saiu dilacerando ferozmente a vagina e depois o anus da puta.

Minha casa deixara de estar deserta, alem da Metallica, tinha os gemidos de uma mulher que eu fiz gozar. Os nossos corpos compuseram uma orquestra de sons variados, quase uma ópera do prazer, nem os maiores gênios da composição conseguiriam escrever as partituras que nos dois produzimos nessa casa escassa.


(Alan Félix)

2 comentários:

  1. Uma narrativa tão incomum, até meio repugnante de início, mas com um fim tão belo e mágico.

    Parabéns.

    Ana Acsub.

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  2. Você é capaz de escrever cartas que mexem com os sentimentos das pessoas, fazendo-as pensar na vida, levando-as a sonhar e imaginar.

    Parabéns

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