quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Cartas sem destino...

(Garance Doré)
























Querida Elnora,

A lua expandia seu brilho no rabisco a lápis de céu.
A enorme esfera branca no altíssimo, parecia os olhos graúdos da tua face. Era o seu olhar imenso sobre o meu minúsculo corpo.
Lembrei-me das noites no cais da cidade em que morávamos, a lua deitada sobre o espelho do rio, abrindo uma trilha de tapete branco igual aos grãos de arroz que abençoou nossa união matrimonial.
Recordo-me do seu vestido branco igual à neve que nunca vi, mas imagino um dia sentir acariciando minha pele num inverno suíço ao seu lado.
O inverno já passou por mim, a camada de gelo que cobria minha pele derreteu com a chegada do calor dos teus abraços. Esses abraços que você oferece são como a primavera beijando suavemente a boca dos Alpes congelados pelo frio rigoroso, há muito tempo o meu corpo estava congelado esperando as sementes quentes germinarem no encontro de nossas peles.
É bom falar do abraço da pessoa amada, porque o abraço é o encontro invisível da alma, é quando os poros dilatam escoando substâncias fluidas do íntimo, e que nasce da fonte límpida da alma.
Quero sentir novamente tua alma nua fundi-se a minha alma.

(Alan Félix)

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