quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Manhã


Toda manhã na esquina dos seus olhos vejo a vontade sensível de abraçar o infinito. Insustentável conter o indomável enigma do amor. Todos os dias são resquícios do afeto que vivemos ontem. Às vezes remanesce algo indecifrável, impenetrável, inacessível para o presságio da existência.

A cada manhã, despedaça as sonolentas lembranças mal vividas, e os temores fúnebres da solidão. É difícil aliviar a noite murmurante de clausura prematura da nostalgia. Não somos educados em suportar as amargas vísceras da perda. O luto é uma sentinela intacta do cotidiano, conserva-se nas tardes de nossa vida para consolar a solidão.

Alan Félix.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Rosáceas


Rosas brancas,
Rosas negras,
Rosas indígenas.
Foi num pomar que nasceu o Brasil.

Alan Félix

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Morena


Ah! Morena,
transborda nas lágrimas a saudade
no canto dos seus olhos
eu canto, um cântico de prece
recito ao divino uma reza
acendo uma vela e velo por você.

dorme para mim as tristezas
sintoniza as frequências do coração
algum coração toca para ti,
algum coração é uma canção.

desfaz a dor na quietude das lágrimas
lava as memórias despertadas nas manhãs ensoladas
reserva a delicadeza e o voar da borboleta
é frágil as pilastras do vento que desmancha.

Alan Félix.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Vênus de Mel


Olhos cristalizado de mel.

Abelha retratista
desenhaste tão linda face,

com ferrão bronzeado do sertão,

moldando tão bela Vênus
do norte.

Qual a cor do teu pecado?

Teu pecado tem a cor
que fagulha o sol do Nordeste.

O azul cintilante da chama do mar
da ilha do amor

O mel que adoça meu viver.

Dama de olhar murmurante,
lábio entorpecente e toque embriagante.

Afrodite da cor do pecado do mel.

Olhar escarlate penetrante
como antares.

Que leve toque do teu lábio roubou
minha alma agreste.

(Alan Félix)