sexta-feira, 8 de julho de 2011

Carta sem destino.


Querida Elnora,


Hoje acordei com a noite invadindo meu quarto, me assustei com o chamado dela.

Apresentava-me cama vazia ao lado.

Acordava-me para ofertar a solidão que deitava no meu braço. A noite é cruel como uma ave de rapina, devora seu tormento toda noite. Infeliz, sou eu que deixei uma brecha da janela aberta. Isso porque numa noite um pássaro de asas cegas voou até minha janela.

Pensei que foi você enviando uma mensagem alada.

Ironicamente, é um daqueles pássaros que voa sem direção buscando encontrar a árvore para escapar da escuridão traiçoeira. A partir daquele dia, deixei uma brecha da janela esperançosa para que meu sonho alçasse vôo até sua cama.
Na verdade, espero que seu corpo de bem-te-vi alce vôo até minha janela para bem me vê. Meu bem, nos precisamos nos ver antes que o dia consuma a noite, e a cortina que protege meu corpo da luz do sol, impeça sua chega a mim. A cama ainda permanece vaga.

Alan Félix

2 comentários:

  1. Gostei muito, Alan, do tom mágico e algo oitocentista. Pássaros, mensagens aladas... adoro o clima. Beijos com asitas e sucesso!

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  2. Essas suas cartas suscitam em mim sensações tão bonitas e antigas.
    Suas cartas são como os pássaros: voam a procura e encontram em nós leitores o lugar ideal pra fazer o ninho, repousar e reproduzir..

    A gente sempre precisa rever alguém que ficou no passado, a gente sempre precisa pegar algo que ficou emprestado, a gente sempre precisa ter esperança e acreditar que os encontros não se perderam no espaço.

    Lindas palavras, preto.
    Apesar de comentar pouco, quase nunca, estou sempre aqui.. Porque sempre te admirei e pra sempre vou admirar.
    Beijo!

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