terça-feira, 25 de setembro de 2012

Sonata


Eu escavo o silêncio
no seu corpo,
e penetro os sons
que equalizam
no seu corpo
em forma incestuosa. 

Eram frequências
os ritmos
de nossos corpos,
ondulações delirantes
de você sobre mim,
e de mim sobre essa música.

Ah! Amor,
que melodia é dia
em você.
Qual sonata soa em nós?
Em qual cravo do seu corpo
teclo prazer?

Meu amor,
nas tonalidades distintas
do seu sexo,
adormece os tons
de ópera do seu gozo.

Alan Felix. 

sábado, 15 de setembro de 2012

Borboletas no Estômago

Se borboletas voam no meu estômago.
É porque carrego um jardim.


Alan Felix. 

sábado, 8 de setembro de 2012

Sobre o sábado em Água Preta


E a chuva desabrocha do céu lavando nossos sapatos. Apesar do vento gélido que corta as folhas na copa da árvore no inverno. Nós estamos prontos para o dia nublado que se abateu no sábado uruçuquense. O guarda-chuva apesar de pequeno nos protegia. Mas para caber naquele abrigo era preciso estar abraçado, e nós abraçamos, como o sol quente que rompe a cortina densa das nuvens.

Alan Felix.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Não quero mais ser só


O prato predileto sobre a mesa e ninguém para dividir o sabor, o aroma, a conversa. Todos os dias são monólogos monótomos com a solidão. Acendo o cigarro cortinando com fumaça a companhia de ser só. A mesa de jantar com lugar para quatro pessoas: uma ocupada por mim, outra serve de cabide para toalha molhada, a segunda serve de descanso para os pés, e a última coloco o liquidificador. A televisão ligada, sintonizando algum canal para artifício do preenchimento do silêncio. O tédio de viver sozinho é ter que conviver com um silêncio horizontal que corta o basculante. Em transe vasculho as espirais da casa, deparo com janelas e escapatórias para outra vida. Debruço sobre a varanda espaireço na rotina do ar. Absorvo-me em ilusões, enceno diálogos, teatro sorrisos de paraíso, me colho nos sonhos de seus braços.

Alan Felix.